Tudo culpa da outra

Quando um namoro ou um casamento termina porque uma terceira pessoa surgiu, tendemos a pensar que essa foi o pivô da história, e, se ela não existisse, a relação continuaria intacta. Afirmo, com convicção, que não há amante que acabe com casamento. Se houve espaço para entrar alguém, é porque o casamento não estava suficientemente fortalecido.

Digo isso porque é comum que, ao se sentir “vítima de um abandono”, muitas pessoas concentram suas energias (negativas) na pessoa errada. Nada mais rotineiro do que encontrar, por exemplo, mulheres completamente obsecadas com a nova namorada de seu ex, como se ela fosse um demônio destruidor de lares. Perdem seu tempo a vigiando por todos os meios, de facebook, instagram a até “amigos de patrulha” que contam onde foi vista. Guardam rancor, e acreditam piamente que, “não fosse essa mau caráter, ainda estariam casadas”.

O que não percebem é que estão deslocando para essa pessoa todos os problemas existentes na relação. Essa mulher é na realidade uma representante de uma crise conjugal que já era presente. Essa crise, antes abstrata e invisível, apenas torna-se concreta e evidente na forma de outra pessoa.

Toda essa raiva que concentramos em uma pessoa serve para não nos darmos conta do que realmente sentimos. O que de fato prevalece, porém escondido por essa perseguição feminina, é uma frustração enorme por não ter conseguido manter o casamento, e principalmente uma dificuldade de perceber (ou assumir) que, independentemente de qualquer mulher, a relação não estava boa. É duro ver que alguém soube lidar e valorizar alguém que não preservamos como deveríamos. O grande pivô da história foi, na verdade, a

relação que os dois construíram. Assim, a raiva que sentimos é em relação ao nosso parceiro que só soube comunicar sua insatisfação, colocando uma terceira pessoa na relação, e a nós mesmos por não termos intervindo antes do término da relação.

Acredito que, se toda essa energia fosse direcionada a si própria em vez de a terceiros, elas teriam mais chances de estarem hoje casadas. Não há o que fazer para impedir essa nova relação, então, melhor olhar para si e pensar o que você pode fazer para encontrar um novo amor. Quando redirecionarmos todo o tempo que gastamos vigiando a vida dos outros nas redes sociais para investirmos em nosso trabalho ou estudo; quando trocarmos a energia negativa que sentimos pelo outro por energia positiva a nós mesmos, aí sim atrairemos o melhor que podemos receber. E, acima de tudo, se você tem capacidade para investir tanto no outro, que invista no seu parceiro, quando ainda está casada, ao invés de esperar perder.

 

 

 

 

 

helena cardoso