Não existe dedo podre
Já escutei infinitas vezes, após contarem peripécias sobre homens, mulheres concluírem que têm dedo podre. Assumem que se tantos “casos” deram errados, se tantas injustiças foram cometidas à elas, homem nenhum no mundo tem boa intenção (ou pelo menos os que elas escolhem).
Esquecem, diante de tal conclusão, que nenhum relacionamento é bem ou mal sucedido apenas por uma pessoa. Ninguém sustenta um namoro sozinho, do mesmo jeito que não pode ser o único culpado pelo término. Acredito que as responsabilidades são compartilhadas, então cada um dos parceiros entra com 50% de responsabilidade sobre o que quer que aconteça entre o casal.
Até mesmo no caso de uma traição, em que um dos parceiros atua sem qualquer consentimento do outro, eu afirmo: não há vítima. É claro que quem mentiu e foi para o motel não foi você, mas é sempre importante ponderarmos sobre qual comportamento nosso facilitou aquele acontecimento. Precisamos desta análise para que este acontecimento tão doloroso não seja em vão. Podemos, a partir dele, avaliarmos em que estamos deixando a desejar, para que, em uma próxima vez (e talvez em outra relação), isso não se repita.
Seguindo essa mesma ideia, garanto que se os seus namoros estão sempre acabando mal, se você está sempre se vendo na mesma situação com diferentes pessoas, não é porque nenhuma dessas pessoas tem boa índole, ou porque você só se interessa por quem não vale nada. Não é todo homem que bate, nem toda mulher que é maluca. Se você só se envolve com esse tipo de pessoa, é porque você de alguma forma se coloca nessa situação.
Isso não quer dizer que você é culpado por ter um namorado(a) que te trata mal. Fazemos nossas escolhas de parceiros de acordo com nossa história familiar. Essas escolhas podem ser saudáveis ou não, dependendo da interpretação que fazemos dessa história. Porém, só iremos mudar o nosso padrão de comportamento, ou seja, escolher pessoas mais interessantes para nos relacionar, se olharmos de forma construtiva para nossa família e pensarmos: de onde vem esse modelo? Como posso resignificar a minha história e me espelhar em exemplos mais saudáveis do gênero oposto? Jamais teremos certeza de que estamos escolhendo a pessoa certa, mas podemos cooperar conosco para aumentar nossas chances de sucesso. Como já disse Jung: “tudo o que não enfrentamos na vida, se torna nosso destino”.