Status: solteira e indisponível

Arranjar um namorado não depende só de sorte ou de beleza. Uma série de fatores influencia o encontro (ou desencontro) do parceiro. Acredito que todos temos oportunidade de conhecer alguém interessante, mas o que irá determinar se essa ocasião será bem aproveitada é a disponibilidade emocional da pessoa. Ou seja, quem está indisponível pode estar ao lado do " homem (ou mulher) da sua vida", porém nem sequer repara.

Isso porque ninguém está solteiro à toa. Se você não encontrou alguém, muito provavelmente você está preso à família de alguma forma. É um conceito a princípio um pouco estranho, mas, em uma linguagem simples, diria que algumas famílias ocupam tanto (física ou emocionalmente) a pessoa, que não resta tempo ou disponibilidade emocional para namorar. Fazem isso de diversas formas, como exigindo cuidado aos pais idosos, ou a algum membro disfuncional. Alguns têm a função de ser o eterno caçula da família, e namorar significa crescer, logo sair dessa posição. Outros têm tanta gratidão pela criação que a mãe lhe deu que ficam fazendo companhia a ela. Nesse tipo de relação, não cabe outra mulher, ou, quando cabe, é muito comum que a mãe vá morar junto ao casal.

Conheço também os que não têm essas questões com os pais, mas que, mesmo estando há anos divorciados, mantém um vínculo com a ex-mulher (seja através de contato ou de projetos comuns, como sociedade em uma empresa), que o impede de se sentir de fato solteiro e com necessidade de seguir em frente.

Seguindo esse raciocínio, algumas famílias não permitem (de forma não dita) que o membro saia daquela trama familiar. A solteirice aparece “denunciando” esse funcionamento. Mesmo que o discurso seja de que tudo o que mais quer é arrumar um namorado(a), verdadeiramente e inconscientemente, não há de fato essa disposição para assumir um compromisso como casal.

Podemos reparar alguns sinais de que não há um interesse real em encontrar alguém para namorar quando, por exemplo, a pessoa sai com muitos parceiros, mas sempre de uma maneira pouco apegada, ou quando prefere sair para lugares onde não se expõe muito e certamente não irá conhecer ninguém. Outras vezes também, mesmo que saia, a pessoa não se arruma muito, ou se veste de forma a sinalizar que não está aberta a novos relacionamentos.

É o inverso do que se pensa: ninguém deixa de arranjar namorado porque não se arruma para sair; mas tem gente que não se arruma para sair porque não há espaço para outras relações.

 

 

 

 

helena cardoso