Ser saudável até perder a saúde?
A alimentação alternativa está em voga. Crianças já identificam o que contém glúten e adolescentes ambicionam cuidar da saúde em lugar de comer fastfood. Essa tendência é fruto de um mundo globalizado, onde as informações chegam rápido e facilmente para quase todo mundo - o que é uma vitória. É maravilhoso poder ter embasamento para escolher e selecionar os critérios que vamos usar na hora de comer. Porém é preciso cuidado e atenção com os modismos em relação à alimentação.
Às vezes me preocupo com o excesso de informação. Assisto às revistas condenando de um dia para outro determinado alimento, e, no dia seguinte, elas o anunciam como o item mais importante para a nutrição. Artistas e pessoas influentes fazem discursos dizendo como conseguiram “evoluir” do vegetarianismo para o veganismo. Propagandas oferecem uma enxurrada de possibilidades. Filmes denunciam o tratamento dos animais que comemos. Até os nutricionistas, que deveriam nos dar respaldo técnico, não seguem sempre a mesma crença. No meio disso, estão os adolescentes (e também os adultos) tentando descobrir e construir quem são, buscando captar o que o mundo oferece para organizar o que querem. Têm o privilégio da informação, mas nem sempre sabem o que fazer com ela.
Nada contra nenhuma dieta em específico, desde que preserve a saúde. Contudo, percebo muita gente (principalmente na fase da adolescência que é mais suscetível aos modismos) perdendo a saúde em nome da própria saúde. Curioso: querem tanto ter o corpo perfeito e a alimentação mais saudável possível que perdem a saúde. Perdem a saúde porque restringem tanto a alimentação, que deixam de seguir a vida social e até mesmo familiar. Traçam tantas regras e acabam condenados por elas.
Isso não é saúde. É saudável quem consegue estabelecer, diante de tudo o que lê e assiste sobre alimentação, um critério que contemple seus valores sem trazer perdas para a vida pessoal, social, familiar e profissional. Seguindo este raciocínio, devemos continuar comendo com equilíbrio. Podemos, de vez em quando, comemorar que gozamos de plena saúde comendo um bolinho ou bebendo um vinho. Que tal?!