Prefiro ficar vermelho do que morrer sem cor
Muitos poetas já declararam que foi durante a tristeza que escreveram suas melhores canções ou poesias. Isso porque a tristeza, quando aproveitada, nos leva a um estado de reflexão muito útil, principalmente para o autoconhecimento.
Quando tristes, devemos atravessar tempestades, aprender a lidar com as chuvas e trovões, até descobrirmos que somos capazes, sozinhos, de encontrar um dia ensolarado. Porém, para isso, é preciso entrega. É necessário se entregar para a dor e lidar com as ausências e pesos que carregamos. Só assim conseguiremos compreender e aceitar o que está em nós.
Mas o caminho é difícil e a maioria prefere encurtá-lo. Um típico atalho é recorrer à raiva. A tristeza é gelada demais. Por isso, é comum valer-se da raiva que, apesar de intensa, nos aquece e energiza. Arrisco dizer que a raiva serve como um cobertor da tristeza. Um exemplo disso ocorre em terminus de relação. Temos tanta dificuldade em lidar com a perda, a frustração e a solidão que optamos, mesmo sem perceber, por sentir raiva. Acusamos o ex de traição, de quebra de confiança ou qualquer outra atitude que o torne pivô da situação e nos coloque como a vítima.
Assim, não só deixamos de nos responsabilizar pela situação, ao colocar a culpa de tudo no outro, como também nos mantemos vinculados ao ex- parceiro mandando mensagens de acusações ou encontrando-o para discutir a relação. Este é um cenário, apesar de desgastante, bem mais confortável do que a nevasca de tristeza que segue a perda de alguém.
Entretanto, quando aceitamos a tristeza, podemos mergulhar no nosso mundo interior e refletir o que de nosso comportamento favoreceu a situação da forma atual. Desse modo nos responsabilizamos pelo o que é nosso e nos reinterpretamos para acontecimentos futuros. Só que desta vez estaremos mais preparados.