Perdoar não é esquecer
Quando o assunto é perdão, as resistências são muitas. Há quem diga que perdoar é altruísmo demais, porque alivia a culpa de quem cometeu uma falta. Tem também quem acheque o perdão é um ato meramente religioso, portanto, não faria sentido para os não religiosos. Outros supõe que o perdão é ineficaz, pois acreditam que o não perdão nos protegeria de cometer o mesmo erro.
Nenhuma dessas suposições reconhece que perdoar é um ato de compaixão consigo mesmo, que nos livra do sofrimento de manter uma mágoa (e de todas as doenças que isso pode trazer), e nos possibilita sair de um acontecimento passado para viver novas e mais prazerosas situações no presente.
Quando decidimos perdoar alguém, fazemos, antes, por nós mesmos, e não pela pessoa que nos fez algum mal. Perdoamos porque percebemos que passar o resto dos nossos dias com rancor de algo que já passou nos prende a uma situação desagradável que, por já ter acontecido, não há como mudar. Desta forma, nos condenamos a perpetuar sentimentos de dias ruins do passado em vez de aproveitar os prazeres que a vida nos oferece no momento presente. Não me parece uma boa troca...
Ao contrário do que se diz; quem perdoa não esquece. Perdoamos a pessoa, mas não o que ela fez. Perdoar significa que, apesar de condenarmos uma má atitude, escolhemos não passar o resto de nossos dias guardando mágoa pelo que foi feito. Por exemplo, se eu xingar a minha mãe, ela provavelmente vai recriminar meu comportamento, não esquecerá a ofensa, mas não deixará de me amar enquanto filha.
Perdoar é um ato de amor consigo mesmo, com o outro e , acima de tudo, pela vida.