A gente casa todos os dias
Casar, para a grande maioria, significa vestir branco, degustar doces, comprar e reformar apartamento, escolher igreja, comprar aliança e abrir mão, metaforicamente, da bicicleta. Muito tempo é dedicado à organização da celebração e muito pouco à formação do casal enquanto um novo núcleo central da vida. Prefere-se acreditar que, se há uma boa dinâmica no namoro, não haverá motivos para preocupações e precauções.
Nessa perspectiva, o casamento é visto como uma continuidade do relacionamento de namoro e pouco se fala da etapa que vai ser inaugurada após os papéis assinados e as alianças trocadas. Contudo, o desafio dessa nova fase está em tornar-se um casal. E, para isso, é necessário construir a relação, negociando com o outro todas as “regras do jogo”. Ser um casal é um ato diário.
A cerimônia é o ritual dessa passagem, em que a nomeação de marido e mulher é declarada. Mas, para o casamento existir de fato como relação, é preciso trabalho e investimento emocional. É o constante desafio de tornar-se um casal sem perder a individualidade. O casamento acontece todos os dias quando nos dedicamos, mesmo que sutilmente, para que dupla signifique algo além de duas pessoas.