Um buraco chamado solidão

Quem aqui não conhece alguém que prefere estar mal casado que sozinho? Alguém que obviamente não está feliz em uma relação, mas não tem coragem de terminar por medo da solidão.

Munidos de ditados populares, como “ruim com ele, pior sem ele”, revelam suas crenças sobre a solidão. Acreditam que não ter ninguém é a pior das opções e para descartá-la se submetem a todo e qualquer sacrifício. Almoçar sozinho? Nem pensar! Ir ao cinema sem companhia? Que horror!

Se não conseguem algum amigo ou familiar para os acompanhar em algum programa durante o fim de semana, ficam em casa quase como se fosse uma condenação. Assim, para não terem que lidar com a solidão (também indesejada até mesmo dentro de casa), compram um animal de estimação. Peixes e gatos costumam ser independentes demais para preencher a carência. Melhor cachorro.

O que jamais se pensa é que, mesmo casado, com filho, cachorro, pais e sogros, ninguém está livre da solidão. Muitos dizem: “nascemos e morremos sozinhos”, mas poucos de fato aceitam esse fato. Estamos sempre procurando disfarçar essa dura verdade.

Mas acho importante salientar que tudo isso tem um preço. E custa caro. Namorar alguém apenas por companhia pode sacrificar a sua felicidade e a de seu parceiro também.Comprar um cachorro sem avaliar as suas reais condições materiais e afetivas para cuidar do animal é maldade. Ter filhos apenas para encher a casa prejudicará o desenvolvimento e crescimento das crianças.

Que tal aproveitar os momentos a sós com você mesmo para descobrir que talvez você seja a sua melhor companhia?! Por medo de pensamentos assustadores que a solidão pode trazer, perdemos a oportunidade de descobrir, a partir do reconhecimento de dores internas, o quão incrível podemos ser. Aposto que nesse buraco interno tem mais luz do que você sabia...

 

 

 

 

 

 

helena cardoso