Divórcio: luto e luta
Pode haver alguma explicação astrológica (e sobre isso eu não entendo), mas o fato é que tenho tido muitos casos de divórcio chegando ao consultório. Também não sei se o que tenho visto em meus atendimentos é uma amostra do que tem acontecido no mundo, um aumento do número de separações, ou se apenas estou recebendo por algum acaso da vida grande parte desses casos. Não importa. Para mim, o importante é como posso ajudar.
O que percebo em comum nessas situações de separação é a dor de um projeto fracassado. Alguns sofrem por quebrar o compromisso com a instituição casamento, outros por decepcionar as famílias, há também aqueles que sentem por não terem conseguido provar aos pais divorciados que conseguiriam fazer diferente. Em todos esses casos está a frustração de ter, genuinamente, apostado em um plano que não foi bem sucedido.
Não estou dizendo que a separação é uma falha nem que um casamento terminado não cumpriu sua função. Casar é uma experiência importante e normalmente vale a pena mesmo o término. Mas, quando chega este momento, há uma dor de romper com algo que pensamos que fosse durar. Essa dor podemos chamar de luto. Os parceiros não morrem, mas a parceria.
No processo de luto, é normal e esperado o sofrimento, mas também é aguardado o momento em que a dor simplesmente passe. Pode demorar, às vezes mais, às vezes menos, para passar, mas passa. Não é de uma hora para outra. Não há um dia em que a gente acorda e não se sente mais enlutada. É um processo. Aos poucos mudanças necessárias acontecem. No lugar onde duas pessoas costumavam trabalhar em equipe, agora, cada uma trabalha sozinha. Depois que (re)aprendemos a trabalhar sozinhos, novos sócios para a vida aparecem. Melhores do que os que foram, sempre.