Como evitar uma crise no seu casamento

Percebo um mau uso da palavra infidelidade. Muitos usam este termo para denunciar um ato sexual cometido por um dos parceiros. É claro que este pode sim ser o caso de uma infidelidade, mas proponho enxergarmos a palavra de forma mais ampla.

Para ser infiel, é necessário que haja algum acordo. Explico melhor: quando traímos, estamos descumprindo um combinado. Se não há um trato de relação monogâmica, sexo fora do casamento não é infidelidade.

Digo isso porque é bastante incomum encontrarmos casais que fazem um contrato pré-nupcial, em que se define o que é esperado de cada parceiro, o que é e o que não é permitido. A maioria das relações se estabelece informalmente. Talvez para não precisar pensar em situações difíceis que possam acontecer, ou mesmo porque parte do princípio de que as mesmas crenças são compartilhadas. O fato é que o estabelecimento da monogamia como forma de relação é geralmente um acordo implícito.

Concordo com o velho ditado: “o combinado não sai caro”. Afinal, é estabelecendo regras que percebemos que aquilo que é óbvio para a gente pode não ser para o outro. Acredito que, se esta conversa acontece antes do casamento, muitos problemas futuros poderão ser evitados.

Normalmente contraímos matrimônio sem nos darmos conta do quanto a nossa criação está arraigada no nosso comportamento. Também não sabemos sobre os ideais e concepções de vida de nosso(a) companheiro(a), visões diferentes das nossas. São essas diferenças, presentes até em pequenos detalhes, que não são percebidas durante o namoro, mas que aparecem nitidamente no casamento. Ao casar, cada membro carrega seus antigos hábitos para a nova casa.

Cada um de nós foi criado em famílias diferentes, algumas vezes até em culturas distintas – fato determinante para formação de crenças muitas vezes opostas. Além disso, trazemos de nossa infância histórias que nos marcaram e nos acompanham enquanto adultos.

Para ilustrar, digamos que fui criada por minha mãe que jamais contou com alguma ajuda profissional, pois ela carrega o trauma de ter sido abusada por sua babá. Já meu marido tinha uma mãe super-negligente, e hoje é grato por ter tido uma babá que lhe ofereceu o que sua mãe não pôde lhe dar. Fica fácil, diante deste cenário, supor que, na ocasião do nascimento de nosso primeiro filho, meu marido e eu teríamos longas discussões sobre contar ou não com uma ajuda profissional e, talvez, até nos acusaríamos de mimado ou pessimista.

Outro exemplo pode ser dado em relação à presença da família no casamento. Algumas famílias têm comportamentos mais invasivos que outras. Quem foi criado de forma mais respeitosa terá dificuldade para entender que sua sogra poderá adentrar a casa a qualquer momento, sem bater na porta.

Não há ninguém certo ou errado nesta história, porém há um impasse. Para desatar este nó, sou a favor de que haja uma (ou mais) conversa sobre o que cada um considera muito importante de levar para seu casamento e o que pode abrir mão. A partir disso, devem ser estabelecidas as regras que irão reger esta união.

 

 

 

helena cardoso